Sobre a Festa (fête) - ou modernamente: "Balada"
Segundo A.
Comte-Sponville, momento privilegiado, em que - antigamente - era precedido de
um momento de recolhimento [como no Carnaval]; hoje em dia não há mais
recolhimento - só regozijo. É por isso que as festas tendem a ser um pouco
tristes ou forçadas, não fosse o álcool. Excesso permitido, senão ordenado,
segundo Freud em Totem e Tabu. Quer algo
mais opressivo que uma alegria programada, um excesso obrigatório? Bem, a
própria festa faz esquecer isso.
Fonte (adaptada):
COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário
Filosófico. São Paulo, Martins Fontes, 2003. p.247
Explicando.
Bebe-se muito, e
cada vez mais, em festas. Alguns afirmam que é "para esquecer".
Esquecer do quê? Do trabalho mal remunerado? Da traição dos amigos? Do amor
perdido? Da "amolação" do chefe e dos colegas de trabalho? Da
infidelidade geral das pessoas? De si mesmo, tendo em vista se considerar um
fracasso? Ou beber para lembrar que é um super-homem e poder fazer tudo que se
quer?
De fato, nossa vida
precisa ser bem amarga para na festa - e apenas na festa - fazer tudo que não
se pode. Já não foi dito que em "baladas" você se realiza, isto é,
você "pode tudo"? Sim, nas festas
atuais tudo pode acontecer e mais um pouco, pois talvez na vida diária nada
aconteça assim de tão interessante. O que é realmente triste. Então a vida é
triste e a festa é alegre?
Na verdade, a festa
tornou-se obrigatória, não para ser feliz, mas apenas para restabelecer o
indivíduo como um ser normal, na segunda-feira, no trabalho. Bem, alguns não
vão assim tão normais (fisicamente) ao trabalho na segunda, devido aos
excessos. Mas é verdade que é assim que ele consegue manter sua integridade
psicológica, ao menos até a sexta-feira. Mas é verdade também que durante a festa a gente se diverte muito. Ou
pelo menos ainda há uma aparência de felicidade, pois o tempo da celebração da
vida na festa já se foi há um bom tempo.
E.T.: festinha de
criança não conta, mas é nessas que - apesar da péssima música que geralmente é
tocada - ainda existe um grau de verdadeira felicidade. Ao menos para os
pequenos, a observar como se divertem sem nenhuma gota de álcool, embora com
muito açúcar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário