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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Considerações sobre o Amor

"O tempo lhe modera o ardor e o brilho." Shakespeare, in Hamlet

Muito já se falou sobre o amor e todos nós temos, bem ou mal, alguma experiência no ramo. Gostaria de apresentar uma pequena reflexão, mas na voz do grande Pe. Vieira. Depois que eu li esse texto, pela primeira vez, ficou difícil acrescentar algo, fazer alguma objeção. Algo mais veio com os livros, romances e, também é claro, com a vivência prática. Bem, leiam o texto:


[Amor Menino]


(...)Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino, porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira, embota-lhe as setas, com que já não fere, abre-lhe os olhos, com que vê o que não via, e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. (...)
Sermão do Mandato (1643), parte III de Padre António Vieira

Portanto meus amigos, não percam tempo. Aproveitem.


"Buscar o amor é bom, melhor é achá-lo." Shakespeare, in Noite de Reis.