O ex-primeiro-ministro José Sócrates, investigado (perseguido) na “operação Marquês”, há mais de dez anos, afirmou em entrevista ao jornalista Luís Nassif o mesmo que escreveu em curtíssimo artigo: “o Ministério Público venceu as eleições” ” (https://iclnoticias.com.br/o-dia-em-que-ministerio-publico-ganhou-eleicoes/). O agora ex-premiê, António Costa, foi citado numa investigação sobre corrupção, daquele órgão, fato que o levou a pedir demissão do cargo, prontamente aceita pelo Presidente Marcelo Rebelo de Souza. Os promotores estavam a investigar supostas irregularidades em concessões de duas minas de lítio, um projeto de central de produção de hidrogênio e um projeto de construção de um data center.
O caráter lavajatista é nítido:
buscas, prisões e apreensões inclusive nas residências do ex-premiê, bem ao
estilo, conforme informou a BBC News (https://www.bbc.com/portuguese/articles/crgpzxz3870o).
Essa onda Lava Jato faz parte
de um projeto de empurrar a Europa para a direita, o mais possível. Qualquer
governante que tentar sair dos trilhos, como o atual presidente da França, Emmanuel
Macron, já o fez, sofre retaliações típicas da Guerra Híbrida, tal como no
movimento dos “coletes amarelos”, que muitos ignoram e entendem ser apenas um
movimento espontâneo. A Europa está assolada por vários tipos de crise, econômica,
de energia, financeira: https://www.brasil247.com/blog/economia-de-guerra,
o que favorece a ebulição desses movimentos, nada espontâneos.
Esse lavajatismo -- filho
direto da cooptação dos MPs pela dita “Cooperação Internacional”, explicada
muitas vezes pelo jornalista Luís Nassif (https://jornalggn.com.br/politica/as-anomalias-do-controle-da-pgr-sobre-a-cooperacao-internacional/)
-- é acompanhado por forte operação psicológica (psyops), levada a cabo principalmente
nas redes sociais (mas não só), por mãos de inúmeras instituições financiadas
pelos vários órgãos dos EUA, inclusive Congresso. Em alguns países, tal como já aconteceu com a Ucrânia,
isso resultou em nítida operação de “regime change”. A ordem é empurrar
a Europa para a extrema direita, o fascismo como limite. Descortina-se uma onde
neoliberal no continente, seja arrochando países economicamente (tal como na
Grécia) seja por reformas típicas dessa onda, como aconteceu na França, em seu
regime previdenciário. O sistema de saúde ainda resiste, embora sob ataque
(veja: https://pt.euronews.com/business/2023/12/14/em-que-paises-da-europa-as-despesas-medicas-estao-a-conduzir-a-pobreza).
Na outra ponta, mais diretamente, está a Rússia, declarada como “inimiga” pelo Partido Democrata nos EUA. A atual guerra entre Ucrânia e Rússia insere-se nesse movimento europeu de guinada à direita, onde a primeira, vista como um “pivot country” pela geopolítica norte americana, foi empurrada para o conflito. O objetivo é colocar a Rússia e seus aliados de joelhos, fragmentá-los e torná-los obedientes ao Império Norte Americano. Se alguém quiser ver nisso o interesse pelo corredor energético, petróleo e gás, não está errado. Os interesses, no entanto, vão mais longe, envolvendo inclusive a indústria bélica, que por sua vez tem uma certa importância na Ucrânia, um dos maiores exportadores de armas, afora a Rússia e EUA (SIPRI Arms Transfers Database, apud MONIZ BANDEIRA, A Desordem Mundial, p. 270)
Portanto, temos uma Europa cada vez mais arrastada economicamente para um embate que, pode sim, se transformar em uma guerra por procuração contra a Rússia, numa espécie de prenúncio de uma guerra mundial, se já não é assim. E todos podem e devem colaborar, segundo a política do Departamento de Estado norte americano. Ninguém escapará.
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