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domingo, 3 de março de 2024

Como comandar um país como se fosse uma Repúbica de Bananas.

CASTRO, Celso. General Villas Bôas: conversa com o comandante. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2021.


Pequena biografia do general que se entende por comandante. Um lixo de ser humano. Vamos às qualificações. Vaidoso: acha-se um líder só porque suas ordens são obedecidas pelos subordinados (como se fosse possível fazer diferente, dentro de uma estrutura de rígida hierarquia). Preconceituoso em todos os sentidos: afirma-se contra o "politicamente correto". O que quer dizer com isso? Quer dizer que é contra todas as políticas afirmativas, antirracistas, de gênero, feministas, etc. Mas seu passado anticomunista, descrito no livro, poderia ser facilmente conhecido, antes de ser abrigado no governo Dilma...(a esquerda dorme).
O grande "barulho" do livro é a declaração do general a respeito de sua mensagem no Twiter, que ameaçou o STF. Assume a autoria e o objetivo: a de pressionar o Supremo em manter a decisão sobre prisão em segunda instância. Por trás disso, a prisão de Lula. Por trás disso, tirar Lula da disputa presidencial. O golpe deu certo. E é assumido neste livro. Isso seria inacreditável em qualquer país civilizado, mas estamos no Brasil, né? 
Para quem quiser entender de onde vem, isto é, a origem da interferência militar sobre a vida civil no Brasil, em história recente, ei aqui uma ótima fonte de estudos. Está tudo aqui. A menção, embora não exaustiva, às operações psicológicas, a missão no Haiti, a intervenção federal no Rio, as relações com outros generais golpistas (Etchegoyen)...
E há o de sempre: acham-se muito orgulhosos de um vazio: "O Exército brasileiro guarda consigo o orgulho de jamais ter sido derrotado" (p.109). Nota: será que houve tantas oportunidades assim, para demonstrar isso, para ficar tão orgulhoso assim? 
E os inimigos estão por perto: FARCs, movimentos sociais, enfim, um braço armado contra qualquer coisa que não se seja de direita ou seja contra interesses dos aliados (norte americanos, diga-se). 
Uma curiosidade: o general ficou dois anos na China. Afirma que aprendeu muito. Será mesmo? Ele entende que a China avançou devido (àpenas, pelo que se expressa) pela visão de futuro, pela disciplina, pelo interesse coletivo pelo individual (p.101). 

Enfim, o general que se diz comandante expressa aqui toda a miséria intelectual de nossos militares. A visão tacanha, pobre do país; a ideia de corporação autorreferente em tudo que analisa, os preconceitos mal disfarçados. Expõe também a vida boa que levam estes oficiais, com moradia, saúde, tudo garantido — com nosso dinheiro, diga-se, para não fazer nada além de atuar contra a civilidade.


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