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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Manifestações de Junho de 2013. Ingenuidade, devaneio e vitória de Pirro

 



Assinado também por Luciana Lima, Marcelo Pomar e Pablo Ortelado. 

Um relato bastante ingênuo e enganoso sobre as manifestações de Junho, que foram, "manifesta" e comprovadamente, obra da guerra híbrida e motor da guerra cultural que preparou o impeachment de Dilma. 
Qualquer abordagem que não considere essa ordem de coisas é perspectiva parcial, incompleta ou mal intencionada. 
Se qualquer documentário ou obra quiser abordar as várias visões, campos ou ideologias envolvidos no movimento, torna-se necessário também investigar quais os interesses envolvidos no movimento. 
Para mim ficou bem claro, após muito visto e muito lido, sobre a manipulação do movimento pela inteligência militar e pela altright (nova direita). Não se trata apenas de cooptação, ou aproveitamento de um movimento cuja força política e de ação era ínfima e até certo ponto irrelevante em termos numéricos. Para além disso trata-se de apropriação de signos e símbolos de várias qualidades dos movimentos sociais, subvertendo e canalizando a energia dos jovens para pautas antidemocráticas, ainda que revestidas de "roupagem" moderna, tal como nas demandas identitárias. Sim, jovens que caíram como patos abatidos em pleno voo, por caçadores com artilharia certeira. 
Das melhores investigações sobre o fenômeno indico: Luis Nassif e Wilson Roberto Vieira Ferreira, em vários artigos e livro deste último: "Como aquilo deu nisso", publicações do blog Cinegnose.  

Avaliemos essa passagem: 

"A revogação do aumento criou o precedente de reduzir o preço da passagem pela primeira vez -- foi assim em Florianópolis em 2004 e em São Paulo em 2013. A redução redirecionou a lógica da tarifa, da ampliação para a redução crescente, até o limite lógico da tarifa zero." (p. 237)

Comentário.
Como? A passagem não diminuiu. Simplesmente não houve majoração naquele ano. Tarifa zero? O movimento simplesmente diluiu-se e os seus representantes — os que se apresentaram para dizer alguma coisa — não possuíam em mãos nem uma ordinária planilha para justificar suas demandas. Isso, apenas de passagem, num fraco artigo no Jornal Folha, na coluna "Tendências e Debates". Mas, se dermos crédito às considerações deste livro, seus protagonistas apresentam-se como grande vencedores de uma larga batalha. 
Evidente que imprensa fez péssima cobertura inicial, posteriormente abraçando o movimento quando este se voltou contra o governo. Mas isso é a continuação da história. Foram os vinte centavos mais caros para a nossa República, havendo até quem comparasse o movimento à Revolta do Vintém, de 1880 — revolta popular que agitou o combalido governo monárquico, ao instituir um víntem de imposto sobre o valor das passagens dos bondes que circulavam na cidade do Rio de Janeiro de então. Comparação tola, a despeito da simetria política, posto que andava mal o regime, não o governo em si. 


Bibliografia.
JESUS, Ronaldo Pereira de. A REVOLTA DO VINTÉM E A CRISE NA MONARQUIA. Rev. HISTÓRIA SOCIAL, Campinas - SP NO 12 73-89 2006

FERREIRA, Wilson Roberto Vieira. Bombas Semióticas na Guerra Híbrida Brasileira (2013-2016): Por que aquilo deu nisso? São Paulo: Publicações Cinegnose; 1ª edição (29 julho 2020).


 


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