Dos primeiros povoados do Brasil, onde a defesa do
território se fez presente, Cananéia impressiona por sua grande porção de
vegetação original (Mata Atlântica) ainda presente e relativamente preservada.
Mas segundo informação de trabalhadores locais, há alguns problemas, tal como a
formação de bancos de areia em partes do canal entre a ilha e o continente.
Portanto, Cananéia não escapa ao turismo predatório. E
também não escapa ao modelo de administração "moderna" e igualmente
predatória de cidade, que identifiquei em todas as que visitei até agora. Estou
me referindo ao espaço mais urbano, a região mais central. Não visitei a
periferia ou os vilarejos. O que encontramos neste centro são ruas sem árvores;
não estou dizendo que faltam árvores, estou dizendo que não há árvores em
praticamente nenhum lugar do desenho urbano. Uma ou outra solitária aparece,
incapaz ainda de produzir sombra. Já a avenida central é repleta de recentes
plantas da família das palmeiras (péssimo gosto que invadiu feito uma praga todo
interior do estado de SP). Mas isso é
moda de prefeito em todo estado, pelo que já constatei. Péssimo gosto,
repito.
As praias turísticas, afastadas, para onde são atraídas
muitas pessoas, que se deslocam para lá em lanchas alugadas, estão de fato relativamente
preservadas. Ao menos a olho nu, pois há assoreamento de alguns pontos,
provavelmente devido, entre outras coisas, ao número de embarcações que por ali
transitam. O boto cinza ainda resiste nessa paisagem, mas estão se reduzindo em
número -- justamente devido ao intenso trânsito de lanchas turísticas.
Pergunta-se: é esse modelo de convivência com a natureza que queremos? Esse turismo de exploração do imaginário paradisíaco vai ajudar a preservar a natureza? Talvez em parte, mas não como a pensamos. E também, isso é mais certo, não vai ajudar a melhorar a vida da população no meio urbano. Uma cidade que não possui árvores não é uma cidade saudável. No nosso caso em tela o problema é piorado com o emprego de asfalto derivado de petróleo, que está substituindo as antigas placas de pedra destes lugares, contribuindo para o aquecimento do micro clima. Para mim, um lugar inóspito para viver. Não pude avaliar a mobilidade urbana. Pouco tempo para isso. Há uso de bicicletas, há balsas, vi poucos ônibus. É preciso de tempo para avaliar certas condições de vida numa cidade. Mas pouco tempo é necessário para dizer o que não queremos nela.
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