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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Sobre as Leis da Física. E algo mais.

 

FEYNMAN, Richard. Sobre as leis da física. Trad. Marcel Novaes; rev. Técnica Nelson Studart. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC Rio, 2012 [1965] - Leitura realizada em Fevereiro de 2013.

 

Feynman está aqui reunido neste livro, que deriva de uma série de palestras, realizadas na Universidade de Cornell, nos anos 1960. É continuador da Física Quântica. Isso parece ter influenciado seu pensamento a respeito da Física, que ora pende para o matemático, ora para o filosófico, embora pareça desprezar este último aspecto. Mas Feynman é muito didático nas explicações das chamadas LEIS DA FÍSICA.

 

Vejamos o Sumário:

 

1.Gravitação, um exemplo de lei física - 15

2.A relação entre a matemática e a física - 41

3.Os grandes princípios da conservação - 65

4.Simetria nas leis físicas - 91

5.A distinção entre passado e futuro - 115

6.Probabilidade e incerteza: a visão quântica da natureza - 133

7.Em busca de novas leis - 155

 

Neste primeiro capítulo ele discute o movimento gravitacional dos planetas, para demonstrar como a Lei da Gravitação funciona. E chega ao final a se perguntar:  a Gravitação seria o grande "agregador" universal?

 

No segundo ele afirma que a matemática e a física são interdependentes, ou melhor, a matemática é independente, já que pode ser pensada em termos abstratos. Já a física não, pois sempre dependerá da matemática para completar alguma teoria. Seria a linguagem da Natureza (!?). O fato é que algumas relações matemáticas se mantêm, misteriosamente, rompendo-se algumas forças e/ou grandezas, ou seja, desaparecendo (ou esvanecendo-se) uma determinada teoria física.

 

No terceiro. Os grandes princípios da conservação se verificam em vários pontos da física:

-Conservação de energia;

-Conservação do momento (quantidade de movimento);

-Conservação do momento angular.

Tudo depende de como estamos medindo. A ciência é como um quebra-cabeça: só não temos certeza de como devemos juntar as partes.

 

No quarto, discute a simetria das leis físicas, que sempre funcionou até descobrir-se a antimatéria. Aqui a simetria entre esquerda e direita falham. Seria a Natureza quase simétrica?

 

No quinto, uma discussão entre passado e futuro. Na física, claro, que seria o retorno a um estado físico anterior. Se as temperaturas são as mesmas, por exemplo, não há energia disponível para fazer nada, nem adiante, nem atrás.

 

"O princípio da irreversibilidade é o seguinte: se as coisas com temperaturas diferentes são deixadas por conta própria, as temperaturas se aproximam e a disponibilidade de energia decresce com o tempo." (p.127)

 

A unidirecionalidade sempre vai para uma redução da energia possível. É a chamada "Lei da Entropia". Em outros termos: o tempo sempre vai para a frente. Mas chega-se a um fim? As leis, sendo matemáticas, são reversíveis. Mas os fenômenos não.

Pergunta aqui para nós: e a Lei da Conservação da Energia? Como fica?

 

Probabilidade e incerteza. Capítulo sexto. Sendo a simultaneidade subjetiva, pois os fenômenos representam uma experiência limitada da natureza. Tudo acontece devagar e nosso acesso à natureza não é direto -- sempre precisaremos refinar experimentos e medidas.

Se levarmos a Física Quântica a sério, dado que um elétron não possui todo movimento previsível, pois não temos como prever de antemão sua trajetória, chegaremos à conclusão de que o futuro é imprevisível. A natureza não precisa satisfazer nossas condições pré-concebidas.

Portanto, a visão quântica da natureza se dá em termos de probabilidade, dentro de um contexto que ela não pode ser preconcebida e assim temos a visão de um futuro imprevisível.

 

Sétimo. Em busca de novas leis. As leis não são definitivas. Novas experiências e novos fenômenos "desmontam" nossas teorias, de modo a estabelecer novas conjecturas. A simetria na Natureza não é completa. A energia se esvai, de acordo com a Entropia. Portanto, "adivinhar" as leis da Natureza é uma arte.

Feynman "ataca" muito os filósofos. Não sei o que ele chama de filósofo, mas como não menciona nenhum nome, é possível deduzir que estes filósofos são seus próprios colegas, físicos, matemáticos, etc. Este seria um "defeito" de teóricos físicos: com quem ele não concorda, chama de filósofo. E a certa altura, abre o jogo:

 

"Todo bom físico teórico sabe seis ou sete diferentes representações teóricas para a mesma física. Sabe que todas são equivalentes e que ninguém será capaz, em certo nível, de decidir qual a correta." (p.175)

 

Bem, isso não é alguma coisa de filosofia?

Por trás da matemática, afirma, é possível chegar a um resultado e mesmo prever o que vai acontecer, nada tendo a ver com o objeto real, em si. Isso só é possível comparando-se resultados de experimentos, ainda que a matemática esteja correta. Quando sabemos que estamos certos? Feynman propõe algo que sempre vigeu no mundo das ciências: reconhecer a verdade pela beleza e a simplicidade. Seria a tal escolha do "mais simples, melhor"? Isso não explica as complexidades da natureza e como ela se apresenta, a nós, de forma cada vez mais complexa à medida que tentamos não só entendê-la, como matematizá-la. Mas Feynman estava nos anos 1960, tentando explicar de modo simples coisas que se apresentavam já bastante complexas -- portanto, isso envolve uma aparência de grande mistério. São os paradoxos que a Física Quântica nos impõe desde o início da elaboração de suas teorias.

Ao final, ele responde a tudo isso da seguinte maneira:

 

"O que a natureza tem que, a partir de uma parte, permite imaginar o que vai acontecer com o resto? Esta não é uma questão científica. Não sei como respondê-la. Só posso dar uma resposta não científica. Acho que a natureza tem uma grande simplicidade e, portanto, uma grande beleza." (p.180)

 

Não seria isso, então, uma filosofia? Ele nos propõe questões e expõe dúvidas, ao longo das conferências, que nos levam senão a outro lugar que a filosofia!?

Grande Feynman. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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