"As riquezas pintam o homem, e com as suas cores cobrem e escondem não apenas os defeitos do corpo, mas também os da alma." (Boccaccio, Lettere, a Pino de' Rossi).
"O amor-próprio é o maior de todos os aduladores." (F. la Rochefoucauld, Maximes, V.2)
Ayn Rand foi a
intelectual em voga após a crise de 2008, sendo lançado aqui um de seus livros
mais conhecidos: "A Revolta de Atlas". Segundo muitos pensadores, é a
"Bíblia" do pensamento liberal na segunda metade do século XX.
Ao fazer a pesquisa
sobre a autora, pela internet, percebi que as indexações iniciais não trazem
diversidade de crítica, mas na sua maioria matérias apologéticas. Compulsando
um pouco mais e refinando com o termo chave "crítica" ou "resenha",
encontramos alguma coisa. O primeiro verbete em destaque é o da Wikipédia, que
a respeito da autora é demasiado superficial. Por aqui dá-se a impressão de
realmente tratar-se de uma intelectual. O que é falso. Basta ler a entrevista
realizada pela Playboy em 1964 e assistir à de Mike Wallace, em 1959, para
constatar o discurso ideológico-falacioso daquela autora - uma filosofia (?)
carente de fundamentos e que envergonharia mesmo os autores liberais mais conhecidos, tal como Adam Smith
- para fazer jus a essa corrente de pensamento, que hoje em dia, considerando
seus defensores atuais, não nos diz mais nada.
Ayn Rand nasceu
ainda na Rússia como Alisa Zinovyevna Rosenbaum, foi para EUA após a Revolução
Russa bolchevique. Estudou filosofia em São Petersburgo. Nos EUA começou a
trabalhar no cinema, nos estúdios de
Cecil B. DeMille.
Um estudo
desinteressado aconselharia a ler a obra da autora, mas as premissas em que se
baseiam desestimula qualquer intelectual sério, pois são muito explícitas em
determinados pontos muitos controversos. Eu enunciaria três básicos:
1 - A classe
produtora de riqueza são os capitalistas, empresários - eles deveriam ter
liberdade total, sem interferência do governo;
2 - O homem deve
mover-se pelo egoísmo e não pelo altruísmo - não devemos nos sacrificar pelos
outros; não deveríamos pagar impostos;
3 - (Base de tudo,
inclusive de 1 e 2) que o homem deve guiar-se exclusivamente pela razão;
Provar isso com
apenas obras de ficção é possível, mas acredito que tal coisa seja de difícil
realização. O que separa Marx de Balzac? O primeiro indica todas as suas
fontes, diferentemente do segundo. Mas isso é só o começo. A obra de Balzac
ainda possui todo o seu valor devido à verossimilhança e à crítica social. Não
sei se encontramos isso em Rand, pois seu "objetivismo" é todo
calcado em crenças e afirmações que seriam muito válidas na literatura de
auto-ajuda, nada mais. Em todo caso, reafirmo, as premissas acima são explícitas e
duvido que a autora as demonstre em sua obra. Pelo contrário, parece-me que
ela quer - assim como incorreram nesse erro muitos autores - mostrar e não demonstrar.
Em todo caso, fico
devendo algo mais consistente, da minha parte. Investigações para o futuro. Por
enquanto, deixo as indicações abaixo, do que eu consegui selecionar de melhor:
1-A entrevista para
a Playboy:
2 - Do site Diário
do Centro do Mundo:
3 - Do site Esquerda
Republicana:
4 - Do site Revista
Dita & Contradita:
5 - Do site Instituo
Ordem Livre (de tendência liberal e mais favorável à autora):
Uma entrevista de
1959, concedida à Mike Wallace, onde as ideias de Rand são expostas como uma
"filosofia inovadora e desconhecida". De fato, poderia chocar um
pouco à época, que não estava preparada para esse ultra-liberalismo, muito
atraente nos dias de hoje:
É considerada hoje
uma "libertária", assim como são denominados alguns ativistas de hoje
em dia que recebem dinheiro de ONGs suspeitas. Então cabe uma questão: foi uma
intelectual financiada pela CIA? Vamos investigar mais.
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