É o que vem
demonstrando o Cruzeiro, no campeonato nacional. Joga bem, bonito e é líder.
Segredo? Nenhum. Até o Cleber Machado pôde já comentar: aproximação, toque e
posse de bola, jogo rápido quando necessário, cadenciado para manter a posse
de bola. Eu acrescentaria mais algumas qualidades desse time do Cruzeiro, as
quais Cleber Machado não entenderia muito bem, a não ser que estivesse
acompanhado de Casagrande como comentarista. Quais são?
Marcação: nem
homem-a-homem, nem por zona fixa, mas por "zona móvel". Claro, assim
jogava aquela Holanda. Nesse modelo de marcação, um jogador pode dar conta de
até dois adversários; Velocidade: rápida, mas com avanço em bloco de jogadores
- de nada adianta ter um velocista no time se ninguém acompanhar - não precisa
ser o time inteiro em bloco, mas quando um jogador corre rápido com a bola e
deslancha para o ataque, então no mínimo um outro jogador deve acompanhá-lo -
melhor se dois ou três assim também o fazem; a mesma recomendação anterior
para quando o time está sendo atacado;
Posicionamento: não
é necessário que todos joguem em todas as posições, tal como naquele time da
Holanda, mas que cada jogador cumpra com várias posições dentro de campo e se
desloque constantemente - dessa forma o adversário poderá ficar confuso, pois a maioria está acostumada com posições
fixas, tanto na partida quanto na retomada de jogo.
Há mais algumas
coisinhas a serem "aprendidas".
Recuo de bola: é
melhor recuar a bola que perder a posse dela. Então não é vergonha atrasar,
tocar de primeira para o imediatamente atrás de você, e mesmo recuar para o
goleiro - que deve saber sair jogando. Neuer e Rogério Ceni estão aí para nos
ensinar. Um toque rápido para trás, para em seguida retomar para a frente,
geralmente em triangulações, é uma jogada muito eficaz para não desperdiçar
lances e manter a posse de bola; portanto, a lição final: não desperdiçar
lances;
Lançamento: pode e
deve ser feito. Mas não aquele "estirão pra frente" à la várzea.
Deve ser jogada ensaiada, com intencionalidade de dois jogadores: daquele que
lança e daquele que é lançado. Atualmente, em nosso futebol, na maioria dos
lances, só há a intenção de lançar para a frente, sem que o jogador que vai
ser lançado esteja devidamente preparado para tal lance;
Impedimento: com
inteligência, os atacantes nunca estarão impedidos e a defesa sempre deixará o
ataque adversário em impedimento; não há segredo - é treino e disso depende um
bom toque de bola e o posicionamento em zona móvel;
Jogadas ensaiadas:
fazem a diferença para qualquer time e nem é necessário que a equipe seja
eximia no toque de bola. Basta treinar.
Não acho que esse
time do Cruzeiro esteja "copiando" algum estilo europeu moderno.
Não. Há muitas deficiências. Nem tudo sai com perfeição. E nem mesmo os
jogadores são "top" - trata-se de um elenco que pode ser considerado
até bem abaixo dos grandes em geral. O que ocorre com esse time do Cruzeiro
tem um nome: tradição. Sim, a boa e velha tradição do toque de bola que o
futebol mineiro, em especial o Cruzeiro, manteve. Apelando um pouco para o
saudosismo: Palhinha (aquele que foi para o Corinthians), Nelinho, Piazza,
Dirceu Lopes, Perfumo, etc. Estes jogadores consolidaram uma tradição de jogo,
baseada no toque de bola, que remonta ao tempo de Tostão, e talvez até bem
antes.
Importante lição:
não seria o caso de todos os times nacionais retomarem as "lições do
passado". Em história, quando se quer retirar alguma lição dela, fala-se
"historia magistra vitae" - isto é, história como mestra da vida; as
lições do passado, daqueles casos exemplares, para os fatos da vida atual. História exemplar. O exemplo da
História. Estamos esquecendo tudo. Também no menos no futebol.
PS.: quando falo em
toque de bola: não apenas o passe certo, mas o toque com limite de condução,
no máximo dois - como bem ensinava mestre Telê.
Olha o time de que
falo aí:
Nelinho, Piazza, Perfumo, Darci, Vanderlei, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Roberto Batata, Palhinha, Jairzinho e...Raul no gol.
fonte da imagem: http://botaocards.blogspot.com.br/2012/02/cruzeiro-anos-70.html
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