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sexta-feira, 17 de março de 2017

A Reforma na Educação e o movimento ESP

    -- Ou: como nos transformar em estúpidos sendo tolos

    Es.tú.pi.do. adjetivo. 1. Sem inteligência, sem discernimento (projeto estúpido, indivíduo estúpido). 2. Sem ação, transtornado, atacado de estupor: "Notei o pasmo com que meu pai ouviu, e fiquei de pedra, estúpido de dor, ao ouvir-lhe esta sentença..." (Camilo Castelo Branco, As três irmãs) 3. Que é excessivo ou insuportável: um calor estúpido o deixou exausto. 4. Bras. Que demonstra grosseria, brutalidade: Era muito estúpido com os subordinados. Substantivo masculino. 5.Indivíduo grosseiro, brutal: Estúpido aqui não tem vez, aqui vale a boa educação.[Aum.: estupidarrão] [F.: Do lat. stupidus.]
    Fonte: Dicionário Novíssimo  Aulete, Lexikon, 2011, p. 619.

    Este termo pode expressar uma "qualidade" - estupidez, mas também define uma patologia na ciência psicanalítica:
    Estupidez. (...) Limitação nos processos ideativos e na capacidade de julgar.
    Fonte: GALIMBERTI, Umberto. Dicionário de Psicologia. São Paulo, Loyola, 2010 (1992). p. 472

    Sendo um adjetivo ou uma patologia, o termo parece bem referir aqueles que sairão formados das escolas se a ideia do Escola sem Partido vingar e uma tal legislação desse tipo vigorar. A MP (medida provisória) da Reforma da Educação, convertida agora em Lei ( Nº 13.415, DE 16 DE FEVEREIRO DE 2017), nada mais é que um atendimento às reivindicações gerais da ESP e um preparo para reformas baseadas em seus pressupostos. Quem se dispuser a ler atentamente a lei e conhecer um pouco da LDB poderá perceber as contradições, pois se aplicada, a nova lei esfacela o ensino de humanidades. Obviamente, ao diminuir a grade e oferecer disciplinas como optativas, haverá diminuição de profissionais alocados para essas áreas. O que, por sua vez, fará com que se diminua a procura destas disciplinas por parte dos alunos. Um ciclo redutor entre oferta e procura, levando a um esvaziamento no ensino delas.

    Isso sem mencionar que a Lei quer promover mudanças sem que a base material necessária esteja pronta. Aumento da carga horária exige mais escolas. Os governos estaduais estão fechando escolas. Querem diminuir o teto de gastos, que incluirá os com a educação. Como será promovida tal reforma na educação, em termos práticos?
    Como se diria popularmente, no papel suportam-se todas as ideias. Mas parece que estamos vendo algo  típico do nacional ao adotar as boas intenções primeiro para depois observar o que sucede na prática. Resultado: muda aquilo que pode mudar, em termos práticos imediatamente; o resto, virá (espera-se) depois. E o que se pode mudar imediatamente é a base curricular, a BNCC, em sua grade. Ponto para o ESP, que quer nos tornar estúpidos, tanto qualitativamente quanto patologicamente, pois é assim que entendo em que transformarão as gerações futuras após tais mudanças. Formar para a profissão? Quais? Em quais condições? Se vão oferecer cursos técnicos a estrutura já está sendo providenciada, tais como laboratórios, etc? Alguma garantia de que esse cursos serão os mais modernos e adequados com as rápidas revoluções tecnológicas que se sucedem atualmente?

    Fontes na internet:

    Para saber um pouco mais, sugiro, além das fontes na internet, o seguinte livro:
    "A ideologia do movimento Escola Sem Partido. 20 autores desmontam o discurso." , São Paulo, Ação Educativa Ed., 2016.
    Em tempo.
    Segundo Deonísio da Silva, em seu "A vida íntima das palavras" (ed. Arx, 2002), do latim stupidu - admirado, "passou a significar tolo porque os muito bobos se espantam com tudo, dada a sua falta de conhecimento." (p.187)

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